"Entrei e afastei as cortinas.
O eco dos meus passos seguiu-me pela sala vazia.
Espero que os meus olhos se habituem à luz que há muito que não passa por aqui enquanto encho os pulmões.
Reina o cheiro a ideias velhas.
Atrofiadas pela humidade e pela falta de visitas, é difícil distinguirem-se as suas formas por baixo dos lençóis que tentaram em vão manter elementos tão frágeis em bom estado de conservação. Foi o tempo - penso eu. Nada mais passa por aqui senão o vazio do tempo e o arrasto que ele trás.
Não me lembrava deste espaço parecer tão juvenil. Terei crescido assim tanto?
Reúno a coragem e determinação necessárias e agarro na ponta do lençol mais a Oriente. Mais perto da luz nascente que agora bate na janela.
No final de contas é a mim que descubro, não serei senão eu a ficar exposto à Luz do Mundo.
Em contagem decrescente repito para mim: -Vais nascer de novo."
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