quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A Vida Em Tons de Verde





Vejo a vida em tons de verde. Todos os que possam existir estão ao alcance da minha janela.

É um verde despreocupado com o tempo que demora a crescer... vai re-ocupando aos poucos afinal tudo quanto a minha vista alcança já lhe pertenceu. Decora na mesma medida que dá sinais de deterioração à fábrica que vejo daqui.

"Era de cereais", disse-me a senhoria. Em restando alguns, neste momento servem de alimento apenas ao musgo das paredes e aos canteiros em que se tornaram as goteiras.

É uma guerra interessante...  a vegetação harmoniza-se com a edificação até a deitar por terra...

Destoam os edifícios circundantes, repletos de gente demasiado ocupada para estar à janela, demasiado preocupada com o que dar à vida... Sem a calma ou a clareza de espírito necessária para absorver o que a vida tem para nos dar a nós.

Ontem revivi-me neste espaço.

Encontrei-me a seguir duas fontes de juventude, de traves em riste ( para qualquer eventualidade), que de canto em canto, toldo em toldo, porta em porta, exploravam o espaço abandonado.

Fui tantas vezes esse explorador longe de destemido. Recordo-me de também andar munido de um qualquer pau, na certeza de que o abandonaria a troco de 100m de corria livre ao menor sinal de presença.

Saíram frustrados, como tantas vezes saí, sem conseguirem acesso ao precioso tesouro que se encontra por certo dentro do edifício: o tesouro da descoberta.

Deixaram a sua marca a grafitti numa das paredes....

Pintaram uma flor...

Imagine-se




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